Sabe aquela pessoa que acha que pode passar
a frente de todos por que não haverá problema algum? Ou aquela pessoa que fura
filas simplesmente por achar que ficar esperando não e pra ela? Ou então que passa por cima de um colega de
trabalho sem o menor escrúpulo por que afinal de contas o mundo corporativo e
assim mesmo selvagem? Pois e... Fique atento, você pode estar perto de alguém
com transtorno de personalidade antissocial, vulgo psicopata.
A psicopatia é um distúrbio mental grave
caracterizado por um desvio de caráter, ausência de sentimentos genuínos,
frieza, insensibilidade aos sentimentos alheios, manipulação ,egocentrismo, falta de remorso e culpa para
atos cruéis e inflexibilidade com castigos e punições. Apesar de a psicopatia
ser muito mais frequente nos indivíduos do sexo masculino, também atinge as
mulheres, em variados níveis, embora com características diferenciadas e menos
específicas.
A psicopatia parece estar relacionada a
algumas importantes disfunções cerebrais, sendo importante considerar que um só
único fator não é totalmente esclarecedor para causar o distúrbio; parece haver
uma junção de componentes. Embora alguns indivíduos com psicopatia mais branda
não tenham tido um histórico traumático, o transtorno - principalmente nos
casos mais graves, tais como sádicos e serial killers - parece estar associado à mistura de
três principais fatores: disfunções cerebrais/biológicas ou traumas
neurológicos, predisposição genética e traumas sociopsicológicos na infância
(ex, abuso emocional, sexual, físico, negligência, violência, conflitos e
separação dos pais etc.). Todo indivíduo antissocial possui, no mínimo, um
desses componentes no histórico de sua vida, especialmente a influência
genética. Entretanto, nem toda pessoa que sofreu algum tipo de abuso ou perda
na infância se tornara um psicopata; há de se considerar desde a genética,
traumas psicológicos e disfunções no cérebro (especialmente no lobo frontal e
sistema límbico)
Por se tratar de um transtorno de personalidade, o distúrbio tem
eclosão evidente no final da adolescência ou
começo da idade adulta, por volta dos 18 anos e geralmente acompanha por toda a
vida, porem aos 6/7 anos de idade uma criança já pode apresentar alguns
sintomas como crueldade com animais e colegas, mentiras excessivas, condutas
desafiadoras a figuras de autoridade (pais, professores) e falta de vergonha ou
constrangimento quando pegos em flagrante com mentiras. Há que se ter bastante cuidado na avaliação
de uma criança pois alguns destes sintomas estão presente também em outras
psicopatologias que nada tem a ver com transtornos de personalidade.
Algumas características e mitos.
Os
psicopatas costumam ser egocêntricos, desonestos. Com freqüência adotam
comportamentos irresponsáveis sem razão aparente, exceto pelo fato de se
divertirem com o sofrimento alheio. Os psicopatas não sentem culpa; nos
relacionamentos amorosos são insensíveis e detestam compromisso. Sempre têm
desculpas para seus descuidos, em geral culpando outras pessoas. Raramente
aprendem com seus erros ou conseguem frear impulsos.
Apesar
das pesquisas realizadas nas últimas décadas, três grandes equívocos sobre o
conceito de psicopatia persistem entre os leigos. O primeiro é a crença de que
todos os psicopatas são violentos
O
segundo mito diz que todos os psicopatas sofrem de psicose. Ao contrário dos
casos de pessoas com transtornos psicóticos, em que é freqüente a perda de contato
com a realidade, os psicopatas são quase sempre muito racionais. Eles sabem
muito bem que suas ações imprudentes ou ilegais são condenáveis pela sociedade,
mas desconsideram tal fato com uma indiferença assustadora. Além disso, os
psicóticos raramente são psicopatas.
O
terceiro equívoco em relação ao conceito de psicopatia está na suposição de que
é um problema sem tratamento. Embora os psicopatas raramente se sintam
motivados para buscar tratamento, uma pesquisa feita pela psicóloga Jennifer
Skeem, da Universidade da Califórnia em Irvine, sugere que essas pessoas podem
se beneficiar da psicoterapia também. E de fato muito difícil mudar
comportamentos psicopatas, porem a terapia pode ajudar a pessoa a respeitar
regras sociais e prevenir atos criminosos, principalmente quando levados
a um tratamento na infância. Não custa tentar....
De
maneira geral podemos identificar dois tipos de psicopatas: os ditos “comunitários”
ou de grau leve e os do tipo “antissocial” ou de grau moderado a grave.
Os
primeiros, que são os mais comuns, são os mais difíceis de serem diagnosticados porque tendem a
se passar despercebidos no ambiente social. Muitas vezes estão ao lado de todos
e ninguém consegue perceber isto. Eles podem ser desde um falso colega
oportunista que vive se fazendo de vítima, até trapaceiros, parasitas sociais,
políticos, empresários e religiosos. Esse psicopata raramente vai para a
cadeia, mas quando esses indivíduos - por algum motivo ilícito - vão para a
prisão, são tidos como presos "exemplares" pelo seu bom
comportamento: são muito bem vistos, comportados, não arranjam confusões e
dissimulam uma aparência de inocentes, a ponto que outros presos e seguranças
não consigam acreditar que aquela pessoa tão calma pôde cometer algum crime. Comumente
foram crianças com grande charme superficial, encantavam facilmente adultos
pela sua aparência de docilidade, entretanto, já apresentavam traços de frieza,
insensibilidade, e intolerância à frustração - que podem ser evidentes em
condutas como maltratar coleguinhas, animais, mentir etc.
Já o psicopata de grau moderado a grave corresponde àqueles
que satisfazem quase ou todos os critérios do DSM do transtorno de personalidade
antissocial . Esses psicopatas têm uma alta tendência a se enquadrarem por
exemplo, na categoria serial killers A
maioria apresenta as mesmas características do psicopata comunitário,
entretanto apresentam condutas que os colocam contra à sociedade em geral
fazendo com que sejam mais facilmente inseridos no meio carcerário. São menos freqüentes,
porem eles são aqueles que estão mais facilmente vulneráveis a delitos graves e
chocantes. Podem estar mais infiltrados no meio das drogas, álcool, jogo
compulsivo, direção imprudente, vadiagem e promiscuidade e vandalismo, além de
grandes golpes e graves estelionatos. Obtêm prazer (principalmente sexual) ao
ver o sofrimento de outra pessoa e são indivíduos excessivamente problemáticos,
do ponto de vista emocional. Em contraste a essas características, de modo
semelhante ao psicopata comunitário, podem apresentar-se como uma pessoa normal
perante os outros e a sociedade, contudo, escondem uma personalidade muito mais
sombria - esta ocasionalmente visível para familiares, por exemplo, onde o
ambiente é marcado por discussões frequentes. É comum nessas pessoas, um
histórico de doenças neuropsiquiátricas como depressão,
déficit de atenção, transtornos de ansiedade ou outros distúrbios de
personalidade, além de um persistente sentimento de vazio existencial e tédio,
o que os faz buscarem constantes estímulos - inconstantes, enjoam de tudo
facilmente, por isso sempre procuram algo novo e diferente para fazerem; mas
possuem dificuldade em terminar o que começam. Entretanto,
parece que desde criança, apesar desse vazio sentimental, eles conseguem
"imitar" as emoções das outras pessoas (embora não as sinta de
verdade) a fim de conseguirem um ideal. Assim são suas emoções,
geralmente aparecem e desaparecem de forma súbita. Na infância,
esses indivíduos geralmente sofreram algum tipo de trauma significante o que
pode ser considerado agravante da psicopatia. Normalmente foram crianças mais
reservadas ou introvertidas, mas que, por vezes, apresentavam traços de
transtorno de conduta. Mesmo que não demonstrem
socialmente, a característica principal da psicopatia é um forte traço narcisista enraizado na
personalidade, podem demonstrar características megalomaníacas.
Critérios pelo DSM-IV-TR para transtorno de personalidade antissocial (F60.2/301.7)
- A. Um padrão pervasivo de desrespeito e violação aos direitos dos outros, que ocorre desde os 15 anos, como indicado por pelo menos três dos seguintes critérios:
- 1.Fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a comportamentos legais, indicado pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção;
- 2.Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro;
- 3.Irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas; porém, paradoxalmente, têm fama e geralmente agem de forma bem comportada. 4.Desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia;
- 5.Irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações financeiras;
- 6.Ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado outra pessoa.
- 7.Comportamento sexual exacerbado e inadequado, via de regra com vários parceiros, sem nenhuma ligação afetiva;
- 8. Agressividade contra animais domésticos;
- 9. Desrespeito e desprezo por ambientes familiares;
- B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade.
- C. Existem evidências de Transtorno de Conduta com início antes dos 15 anos de idade.
- D. A ocorrência do comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou Episódio Maníaco.
Vale dizer que, embora tecnicamente o psicopata seja sinônimo do
transtorno de personalidade antissocial, nem sempre os psicopatas (principalmente
os mais comuns) apresentam todas esses critérios.
Entretanto, em contraste com tais
características, um ponto muito comum entre todos os psicopatas é o ambiente
intrafamiliar marcado por diversos e extensos conflitos; todo psicopata tem um
ambiente familiar conturbado, permeado por constantes discussões e brigas
Características resumidas e
curiosidades
§ Para cada 25 pessoas, 1 ao menos exibe traços psicopáticos;
§ Para cada 3 homens psicopatas, 1 mulher é psicopata;
§ Podem ter uma autoestima ou visão de si próprios elevada;
§ Frequentemente são autossuficientes e vaidosos;
§ Muitas vezes exibem um encanto superficial, são sedutores e conquistam
facilmente as outras pessoas;
§ Possuem dificuldade em manter relacionamentos, embora consigam
estabelecer facilmente;
§ É comum a necessidade de ter autoridade: são pessoas que necessitam
estar sempre no comando ou poder, detestam serem comandados ou submissos;
§ Frequentemente possuem tendências sádicas;
§ Frequentemente são muito manipuladores, manipulam pessoas, ambientes e
circunstâncias a seu favor;
§ Não possuem sentimentos de culpa ou arrependimento;
§ Geralmente são frios, raramente demonstrando algum tipo de afetividade
mas quando demonstram, é superficial;
§ Podem ser inconstantes, detestar rotina e monotonia e enjoar fácil de
tudo;
§ Frequentemente irresponsáveis: tendem a jogar culpa sempre nos outros,
não se responsabilizam pelas próprias condutas.
§ Falta de metas a longo prazo ou mudanças constantes de metas;
§ Tendem a ser infieis e seus relacionamentos íntimos geralmente não são
duradouros;
§ Podem possuir vida dupla: socialmente sendo pessoas exemplares, mas com
pessoas da intimidade se mostrarem totalmente diferentes;
§ Bastante críticos em relação a moralidade e ética. Para eles,
"regras foram feitas para serem quebradas" e "os fins justificam
os meios";
§ Frequentemente psicopatas se dão bem em entrevistas de empregos,
manipulam as pessoas e conquistam a confiança de todos facilmente no ambiente
de trabalho;
§ Geralmente acham que estão certos e que seu estilo de vida é o mais
adequado.
§ Expressam pouco ou nenhum amor, afetividade, carinho etc. Nem mesmo por
filhos, pais, parentes, cônjuge ou amantes.
§ Geralmente são pessoas com sorrisos fáceis, amáveis quando lhe convêm e
absolutamente frias quando julgam necessário;