terça-feira, 1 de abril de 2014

Sobre o Estupro

Um relato impressionante e emocionado de uma jovem estuprada.... Porque ninguém merece passar por uma experiência destas.  Leiam com atenção.






A história que segue é suja, densa – tão densa quanto o último respingo dela. A história que segue é dantesca:  retrato de um pesadelo acalorado pelo inferno. É uma história que nada posso barganhar para esquecer; história que nada pude fazer para deter. É uma história-memória sem cortes ou censuras – a linguagem é crua e dura. Inadequada para quem com a verdade da realidade não pode ter. Não leia se este último papel cabe em você.

Saía da aula. Tarde. Estacionamento parcamente iluminado. Transeuntes inexistentes. Tudo era sombra – à exceção da Lua cheia: seria ela a única a testemunhar.

Seiscentos metros; sessenta passos: foi essa a distância percorrida antes que aquelas mãos segurassem firme meu ombro. Segundos. Minha bolsa no chão. A chave do carro perdida na grama próxima. Eu não conseguia gritar, mexer, fugir. Desespero. Enquanto uma mão rasgava minha blusa, a outra expunha o pau duro para fora da calça. Quis vomitar.

“Vadiazinha. Piranha. Vou te comer sua patricinha. Fica quietinha. Se abrir a boca, te mato”

Sob o bafo dessas palavras, despertei. Reagi, tentei escapar. A força dele era o dobro: eu quis ter voz para morrer.

“Papai aqui vai te mostrar como se faz. Te foder toda. Te mostrar o que é um homem de verdade”.
Subjugou-me pela testosterona dobrada: forçou-me os joelhos ao concreto; forçou-me a boca ao pau ereto. Segurava-me pelos cabelos. Ia e voltava, com força, a cintura no meu rosto. Aquele chicote estalando na minha garganta. Os pelos do escroto roçando nos meus lábios.
Uma.
Duas.
Três.
Quatro.
Perdi as contas de quantas vezes sufoquei; de quantos tapas deferiu-me com aquelas mãos de monstro pelos desmaios que meu nojo ensaiou. Incansável. Só parou quando da minha voz saiu o vômito. Vômito que conheceu mais minha pele que o chão. Vômito que não interrompeu o animal; vômito que não o comoveu; vômito que não o impediu.

“Sua porca. Escrota. Tá com nojinho? Agora vai ver o que é bom”

Arrancou minha saia. Jogou-me ao chão. Minhas bochechas esfoladas no asfalto. O corpo pesado daquele homem me esmagando. Aquelas mesmas mãos monstruosas forçando caminho entre as minhas pernas; aquele mesmo pau duro a me violar.Ao sangue do meu rosto arranhado, da minha boca cortada, juntava-se o sangue do meu sexo machucado. Escorria a resposta das minhas entranhas; traduzia em cor a dor que eu não conseguia gritar. O bafo daquele homem estranho, sua respiração descontrolada aos pés do meu ouvido. Aquela coisa asquerosa entrando e saindo de mim:
entrando
e
saindo;
entrando
e
saindo. Sob o meu pranto silencioso, o rosto desfigurado de tantas idas e vindas da pele naquele recorte duro de piche- o ritmo dos arranhões conduzidos pelo pau insaciável de um estranho. Além do choro, o sangue; além do sangue, o gozo. O gozo dele. Aquele sêmen todo a adoecer minhas partes; aquela porra a descer pelas minhas pernas: líquido branco, denso: morte.
Liberou seu peso sobre mim. Recolheu o pau murcho à braguilha fechada.

“A princesinha tá toda fodidinha. Já quer mais, né, putinha? Delícia”

Dispensou um último tapa forte na minha coxa – foi embora caminhando. Minhas mãos desceram à virilha; manchei-as com aquela mistura de branco com vermelho: jamais unir-se-ão em rosa.
Não sei quanto tempo larguei-me ali. De pernas abertas. De roupa rasgada. De olhar perdido. Quando me encontraram, já era tarde. Tarde na hora do relógio, tarde na hora impossível de se evitar: ninguém mais poderia me salvar, minha vida acabara ali.

Dos procedimentos que se seguiram- o IML, os infinitos exames, as tonalidades e prescrições de cada caixa de remédio-, apenas participei do banho. Esfreguei minha pele com tanta fúria, com tanto nojo, como se a carne daquele homem não fosse se desprender nunca da minha – como se ele ainda estivesse ali. Não terminei enquanto outras nuances minhas, além da dor, tornaram-se expostas. Aquela noite me tornou uma pessoa quebrada: deixou a memória no corpo; usurpou a (c)alma.

Os únicos momentos em que eu recobrava a vida, para logo perdê-la, afloravam ao longo do sono. O chão áspero, o pau duro, o nojo, o sangue, o gozo dele escorrendo pelas minhas pernas. Como se todo dia eu precisasse morrer um pouco mais. E morria. Pesadelos sem rosto – assumiam um novo a cada abrir de olhos. Todos se tornaram, assim, possíveis estupradores: o porteiro, os amigos, os vizinhos, meus irmãos. Enxergava em todos eles a mesma repulsa. Ninguém escapava ao meu medo; o medo não poupava sequer os Santos.

Em algum ponto, porém, estar morta tornou-se insustentável. Não havia o que fazer quanto ao meu homicídio – não acharam um nome a punir pelo estupro. A minha morte, contudo, desenrolava-se em outra: mamãe. A culpa, tão injusta em escolher suas vítimas, a atingiu, a adoeceu. Não foi por mim, portanto, que voltei – foi por ela. E, ao voltar, percebi que não só por ela eu deveria renascer, mas por todas. Por todas as mulheres. Por todas as mulheres que tiveram seus corpos violados e suas almas furtadas, mutiladas, assassinadas.

Por todas as mulheres estupradas ao percorrer o caminho entre a L2 e a UnB. Por todas as mulheres estupradas ao pegar uma van de Copacabana para a Lapa. Por todas as mulheres estupradas após serem intencionalmente drogadas por seus colegas de trabalho. Por todas as mulheres enganadas por seus ídolos e, por eles, estupradas coletivamente. Por todas as mulheres forçadas a transar com seus companheirxs- porque isso também é estupro. Por todas as meninas abusadas por familiares ou pessoas próximas. Por todas as mulheres e meninas que se calaram por medo, que não denunciaram, que se sentiram culpadas porque assim, desde sempre, foram ensinadas pela sociedade. Por todas as que não conseguiram carregar o peso dessa memória e encontraram, no suicídio, a única possibilidade de redenção. Por todas as mulheres que não renasceram; por todas as que sobreviveram; por todas as que, como eu, de alguma maneira, hão de sobreviver (e renascer).




Sobre as nuances do machismo






O estupro é um dos filhos bastardos do machismo. Bastardo porque deste herda os traços, mas não o reconhecimento. O machismo é a raiz podre que germina em solo Argiloso; é o início do espinho que emerge na Terra Roxa; é o calvário que se instala no Calcário. O machismo está em toda parte. Enraizado. Reproduzindo livremente seus podres frutos e alimentando, com eles, tradições e poderes apodrecidos. O machismo veste muitas cores, muitas modas, muitos nomes. O machismo é a nossa crítica à saia curta e ao decote; o machismo é a nossa repulsa à puta e concomitante glorificação do conceito menina-santa-songa-monga. O machismo é a crucificação do aborto travestido de religião; é , também, a proibição da ordenação da mulher. O machismo é árvore de muitos galhos.


O machismo não me deixa jogar bola, porque futebol é coisa de homem; não me deixa conduzir um carro, porque mulher no volante é barbeira; não me deixa ser a capa de um jornal de finanças, sorridente e bem sucedida, porque esse papel milenarmente cabe, tão somente, ao homem (branco). O machismo não deixa que eu me expresse, que eu marche pelos meus direitos, que eu exponha meu corpo como eu quiser.



O machismo não deixa que eu escolha minha foda, a minha companheira no lugar de companheiro – se quero ou não ter filhos. O machismo não me deixa ser mãe solteira. O machismo não deixa que ela ganhe mais que ele ou que ele cuide da casa e auxilie-a nas responsabilidades domésticas. O machismo não deixa que a mulher seja o que é: forte. Ele tenta o tempo todo submetê-la à obediência, à submissão, à resignação.



O machismo, contudo, sabe ser generoso – abre “exceções”. O machismo permite objetificar o corpo da mulher para que seja essa a imagem impulsionadora das vendas de carros e de cervejas. Permite ao marido ser convocado em propagandas toscas de rádio a bancar o consumismo clichê feminino – resume a mulher ao crédito. Permite e reforça a exigência das curvas sempre exatas, da roupa comportada, das unhas feitas, do cabelo liso e escovado. Permite que o cavalheirismo seja visto como gentileza dele e o sexo como obrigação servil dela. Permite que ele faça da infidelidade um estilo de vida e do pênis um instrumento de reconhecimento e poder. O machismo permite que a apologia ao estupro em uma recepção de vestibular seja vista como um caso isolado de “dois babacas” dessintonizados com o curso e não como um problema institucional que ultrapassa os muros da Universidade- o espaço acadêmico hodiernamente (e infelizmente) ainda reproduz, sem a necessária reflexão, os ecos e ensinamentos que vêm de antes, que vieram e vêm lá de fora. O machismo permite que a hipocrisia se diga moral e, em um cuspe, agrida as mulheres que marcham por um necessário despertar; permite, inclusive, normatizar o estupro, assegurando, àquele líquido branco, a hospedagem no útero, sem questionar a existência de um prévio aceite: se ela disse sim ou se disse não, para o machismo, tanto faz.



Engana-se quem pensa ser o machismo opressor apenas do feminino. Senhor feudal, pai, filho e herdeiro das tradições e do conservadorismo, o machismo é poder corrupto e mecanismo de exclusão que se pretende perpétuo. É em nome dele e por ele que se prega e legitima o homem branco como “the choosed one” para dominar a tudo e a todos.



É em nome dele e por ele que se máscara o fundamentalismo de democracia e a intolerância de religião. É ele quem dilata as nossas glotes e permite um indigesto Feliciano ter sido Presidente da Comissão de Direitos Humanos. É ele que impede o Ministério da Saúde de veicular uma campanha em que afirma que prostituta também é gente e é gente feliz. É ele quem veta um kit que prega o respeito e a compreensão da sexualidade que escapa aos padrões normativos, mas permite e incentiva, com recursos públicos, a distribuição de uma cartilha que não contente em veicular a homofobia, relativiza o estupro, personificando o gozo do estuprador em uma vida a ser protegida. É ele que condena as rupturas, que agride àquela que se insurge contra o sistema, que demoniza quem ataca seus símbolos.



É em nome dele e não de Deus que se pratica o racismo, a homofobia, o feminicídio, a opressão de classes. É ele quem cerceia com normas, padrões e pecados intransigentes o próprio existir dos sujeitos.



Não sejamos ingênuos nem tenhamos piedade com quem nunca nos poupou. Não se combate o machismo com afagos na cabeça e conversas baixas. Não se combate o machismo com a manutenção dos símbolos nem com o silêncio de quem a tudo assiste inerte e, assim, consente. Não se combate o machismo marchando em fila indiana e batendo continência para a hipocrisia. É preciso peito. Esteja ele nu ou pintado – a coragem de impô-lo traduz-se na ausência de panos, sem temer o pudor do moralismo alheio. Não existe paz sob a regência do medo. Não existe democracia quando a metade do povo, dita ironicamente de minoria – cracia-, é feita de demo indialogável e invisibilizado pelas bandeiras monocromáticas do branco classe média hétero “religioso”. É muito fácil criar pecados e interpretar de maneira viciada o calçado do Outro, difícil é dispor-se à alteridade de enxergá-lo para além dos estigmas e da herança dos frutos podres que desde cedo nos são dados como alimento e como instrução.



Que o senso comum, a homofobia, o racismo, o feminicídio, a opressão de classes, a xenofobia, que todos esses rostos do machismo se tornem, a cada dia mais, os verdadeiros outsiders. Sejam eles os deslocados, os excluídos, os eliminados. Que a gente desperte os sentidos e a vontade para entender e enfrentar o verdadeiro inimigo e seu exército de formas, linguagens, poderes, pessoas. Que a nossa revolução comece em nós mas em nós não termine e não se contenha; que se expanda, que invada a rua, o comércio; que barulhe os ouvidos até que seja verdadeiramente escutada, sentida, pensada.



Há muito para fazer: há um tanto de dureza e concreto para demolir. Os caminhos, contudo, estão aí, abertos. Há um incômodo com potência para ser mudança. Há gente muito boa na rua pronta para o novo. Que a gente não perca o embalo e nem a coragem e, se por ventura, faltar o norte, que a gente tenha o gosto do nojo na memória: aquele líquido branco banhado de sangue e de pranto – gozo egoísta, monstruoso






domingo, 9 de junho de 2013

Como você se sente?

Apenas uma pergunta, que pode demonstrar interesse, empatia...  Isso faz toda a diferença para quem é perguntado. Saber que o outro se importa ou perceber a clara oportunidade de falar sobre suas emoções pode fazer "milagres".  Isso nós  já sabíamos.  O interessante é ver o resultado de recente pesquisa feita nos Estados Unidos corroborando esse conhecimento empírico.




"O simples ato de descrever um sentimento como a raiva pode afetar positivamente a resposta fisiológica do organismo a ele. É o que mostra um estudo publicado nesta quarta-feira, no periódico Plos One.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The Effects of Measuring Emotion: Physiological Reactions to Emotional Situations Depend on whether Someone Is Asking

Onde foi divulgada: periódico Plos One

Quem fez: Karim S. Kassam e Wendy Berry Mendes

Instituição: Universidade Carnegie Mellon e Universidade da Califórnia, São Francisco, EUA

Dados de amostragem: 102 moradores da cidade de Cambridge, nos EUA

Resultado: Os participantes que foram levados a sentir raiva e depois responderam um questionário sobre seus sentimentos apresentaram um aumento menor dos batimentos cardíacos, em comparação àqueles que responderam o questionário neutro
A pesquisa foi realizada com 102 moradores da cidade de Cambridge, nos Estados Unidos. Os participantes tiveram que cumprir uma difícil questão matemática, acompanhados por um instrutor. Esse instrutor foi orientado a falar com os participantes sobre suas performances de modo a deixar parte deles sentindo raiva e o restante, vergonha. No final, parte dos participantes respondeu a um questionário sobre seus sentimentos e o restante, a outro com perguntas neutras e sem relação com estado emocional.
Entre as pessoas que sentiram raiva, aquelas que responderam a perguntas sobre seus sentimentos apresentaram uma resposta fisiológica (avaliada na mudança de frequência cardíaca) diferente de quem respondeu a questões neutras. A resposta natural do corpo ao sentimento de raiva provoca o aumento da frequência cardíaca e eleva o fluxo de sangue ao cérebro e aos principais músculos do corpo. Porém, os participantes do estudo que sentiram raiva, mas que se expressaram a respeito de seus sentimentos, apresentaram um aumento menor dos batimentos cardíacos em comparação àquelas que responderam o questionário neutro. 
As pessoas que foram levadas a sentir vergonha, porém, não apresentaram diferenças fisiológicas significativas.
Para os autores, os resultados mostram que perguntar às pessoas sobre suas emoções pode ter um impacto significativo em sua resposta fisiológica, e esse impacto depende do tipo de sentimento que está sendo vivenciado no momento. “Efeitos de medição existem nas ciências – o ato de medir alguma coisa frequentemente modifica propriedades daquilo que está sendo medido. Nós sugerimos que emoções não são uma exceção”, escrevem os autores no artigo que descreve os resultados obtidos.
Karim Kassam, um dos autores do estudo, conta que, para ele, o mais impressionante foi como uma ação tão simples pôde causar um impacto significativo. “Nós só perguntamos às pessoas como elas estavam se sentindo e isso teve um impacto considerável em sua atividade cardiovascular”, afirma."

Fonte: Veja

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Solidão a dois.

Já dizia o poeta....






E de repente você olha em volta e se vê só. Mas só apenas na alma....  Existem várias pessoas ao seu redor, várias pessoas povoando a sua vida, várias pessoas compartilhando algo.....  Mas e daí?  Você está só....

Tudo começa devagarzinho....  Sem você perceber, vem e toma conta.  Estar solitário mesmo se relacionando com pessoas é mais comum do que se possa imaginar.  Em um relacionamento amoroso então, nem se fala!  Muitas vezes por medo de ficar sozinhas, as pessoas continuam mantendo uma relação que já não fala mais ao coração.  Muitos se perguntam: “Ficar sozinho à essa altura do campeonato?”; “Começar tudo de novo?”; “Como encontrar alguém nesse mundo?”; “Ir pra balada novamente?”; Não tenho mais paciência pra isso.....”.
Realmente, “tudo muda o tempo todo no mundo”e por isso mesmo, ou pela dificuldade em aceitar as mudanças que a vida naturalmente nos impõe, é que ficamos sós ainda que acompanhados.
Quantas vezes já estivemos em uma relação ou soubemos de conhecidos que permanecem em uma relação tentando resgatar aquela paixão do início do relacionamento? Incontáveis vezes....  Acontece que aquela paixão já foi, até porque aquele “nós”já foi também. 
É fundamental que possamos aceitar que nossos relacionamentos mudem com o passar dos tempos tendo em vista que nós mudamos também! E, nesse ínterim, reaprendermos a nos amar e amar ao outro também a cada dia. Só que por vezes é bastante complicado aceitar as próprias mudanças. E talvez essa pessoa diferente que nos tornamos a cada instante seja justamente àquela que queremos evitar fugindo do contato conosco, fugindo de ficarmos a sós conosco, fugindo dessa intimidade. Estamos em transformação a cada momento de nossas vidas. Pra melhor? Pra pior?  Não dá pra saber se não experimentarmos a mudança, se não arriscarmos.  A única certeza (por vezes veementemente negada) é a de que somos potencialmente diferentes a cada dia.

E aí então lutamos contra as evidências do dia a dia para manter a ilusão; ilusão de estarmos em um relacionamento afetivo satisfatório, ilusão de estarmos nos relacionando verdadeira mente com nossos parentes, amigos.  Tudo bem, somos livres para escolher a vida que desejamos ter, ou pelo menos o modo de levar nossa vida, mas há um preço a se pagar.  Nesse caso o preço é a solidão a dois; a forma mais dolorida de se viver esse sentimento. Porque quase sempre vem carregada de mágoas, decepções e muitas vezes também por um sentimento de desadaptação e fracasso recheado de pensamentos automáticos disfuncionais a cerca de si e do mundo que só fazem nutrir crenças e esquemas desadaptativos, que por sua vez vão gerar mais pensamentos disfuncionais, mais solidão, mais fracassos em relacionamentos e assim por diante.

Amor? Sexo? Necessidade? Carência? Comodismo? Companheirismo? Parceria? Medo? O que mantém sua relação? 

Como quebrar esse ciclo vicioso?  Em princípio pode parecer muito difícil, impossível até.  Mas com o autoconhecimento, na medida da reformulação de suas crenças a cerca de si mesmo e do mundo, com a ampliação da capacidade de auto gerenciamento e autorregulação de suas vontades, com a conscientização do seu funcionamento e como transformá-lo, é possível enxergar sim uma saída no sentido da reconfiguração dessa maneira de se relacionar.


Aí então, e só aí, a solidão pode ser até mesmo ser uma escolha!

domingo, 19 de maio de 2013

Trabalho X Pânico

Se você se identificar de alguma forma com uma dessas histórias abaixo, CUIDE -SE!  O Pânico, a Depressão, a Síndrome de Burnout podem ser incapacitantes, mas há como evitá-los ou pelo menos ficar atento aos indicativos dos exageros no trabalho que podem levar ao surgimento dessas patologias.

Procure um Psicólogo.



"Paulo tinha acabado de assumir a posição de Gerente Financeiro de uma grande empresa. Passados menos de três meses, dado o stress em que se encontrava, uma certa manhã quando chegou na empresa para trabalhar e estacionou seu carro, travou. Simplesmente não conseguia sair do carro, nem mesmo tirar as mãos do volante. Ficou lá quase uma hora, até que notaram que havia algo de errado com ele. Foi removido por paramédicos, medicado e afastado do trabalho. Duas semanas depois, pediu demissão.
Márcia era gestora de uma empresa de serviços. Seu ritmo de trabalho aumentou significativamente depois de uma fusão com outra empresa. Certo dia, Márcia surtou. Largou bolsa aberta, computador ligado, chaves do carro em cima da mesa, agenda e tudo mais. Pegou o elevador e saiu vagando pela rua, no meio dos carros, em uma grande avenida de São Paulo. Foi acudida por colegas, que viram que algo não estava bem. Pouco tempo depois, deixou a empresa.
José é médico. Durante o período em que trabalhou em Porto Alegre, estava numa das fases profissionais mais intensas de sua vida. Um dia, no meio do ritmo alucinado de plantões, atendimentos e grupos de estudo, se sentiu mal no final da tarde, com um pouco de febre. Cancelou suas atividades naquela noite e foi para a cama. Dia seguinte, acordou ótimo. Trabalhou intensamente o dia todo, e no final da tarde, febre e mal-estar novamente. No terceiro dia seguido dos mesmos sintomas, foi procurar ajuda. Descobriu que estava com leptospirose, mas seu ritmo o havia impedido de perceber sintomas em si mesmo que seriam relativamente óbvios para um médico. Mudou drasticamente o ritmo, se tratou, saiu de Porto Alegre.
Claudia era representante de vendas e estava no auge de uma temporada muito concorrida de metas e desafios. Foi ao banco para sacar dinheiro depois de um dia especialmente difícil. Saiu do banco, entrou no carro e… branco total. Não conseguia lembrar onde era sua casa, qual seu telefone, qual o celular do marido. Ficou dentro do carro, soluçando, muito nervosa. Horas depois, o marido ligou preocupado para o celular dela e notou que nada estava bem. Com jeito e cuidado, começou a perguntar onde ela estava, o que tinha à sua volta, etc. Conseguiu encontrá-la e foram para casa. Dia seguinte, médico, medicação tarja preta e afastamento do trabalho por meses. Algum tempo depois, mudou de emprego.
Bernardo era gerente de uma empresa do segmento de entretenimento do Sudeste. 2ª feira de manhã, chegando em Congonhas com seu chefe para uma bateria de reuniões, desabafou nervosamente que precisava muito ir ao banheiro (para o “número 2”), pois se não fosse naquele momento, não iria mais. Na verdade, ele só ia ao banheiro uma vez por semana, na 2ª feira de manhã…
Todas as histórias acima são absolutamente verdadeiras. Apenas troquei os nomes, segmentos de atuação das empresas  e eventuais localidades, para proteger a anonimidade de seus protagonistas. São testemunhais que mostram aonde podemos chegar com o desequilíbrio causado pelo trabalho, com o stress, com a ansiedade excessiva, com o descontrole, com o pânico.
Trabalho deve ser fonte de satisfação, de renovação, de crescimento, de aprendizado, de remuneração. O trabalho nos faz melhores, úteis, atuantes. Nos molda, nos direciona, nos socializa, nos impõe desafios, vitórias, derrotas, aprendizado. Uma vida com trabalho é uma vida melhor, mais produtiva, com mais significado. Mas quais os limites para o trabalho e seus excessos?
Me refiro aos limites humanos mesmo. A Sindrome de Burnout, descrita pelo médico americano Herbert Freudenberger em 1974, resume o quadro como esgotamento físico e mental. Burnout, em inglês, significa esgotamento, destruição total pelo fogo (segundo oMichaelis). Não tem jeito: chega um ponto em que todos nós, profissionais ensandecidos (mas seres humanos), podemos simplesmente ser apagados, como velas. Seja por defesa do organismo, seja por ultrapassagem total dos limites. O fato é que podemos pifar.
O stress tem um lado bom (eustress), que nos provoca, nos coloca na ponta dos cascos, nos estimula e nos põe em alerta. Neste cenário, somos mais produtivos. Mas há o lado ruim (distresse) que traz o cansaço, o esgotamento, o torpor, o isolamento, a baixa produtividade.
Temos, no cenário atual de mercados cada vez mais competitivos, duas dimensões fundamentais na seara corporativa relacionadas a este assunto: a dos profissionais e a das empresas.
Os profissionais precisam aprender a reconhecer seus limites, a buscar mais equilibrio entre sua vida pessoal e profissional, a cuidar da alimentação, a combater o sedentarismo, a criar tempo de qualidade com a família, a se desconectar da tecnologia fora do trabalho. Precisam ser mais produtivos no trabalho justamente para poderem ter mais tempo fora do trabalho. Ao buscarem este equilíbrio (que é muito difícil, e portanto, um desafio diário e perene), se renovam, descansam intelectual e fisicamente, e se tornam inclusive mais produtivos no trabalho. E um ciclo virtuoso pode se iniciar.
Já a perspectiva das empresas é dupla: primeiro pela necessidade de oferecer um ambiente minimamente saudável para seus colaboradores, que respeite os limites humanos e promova o equilíbrio entre produtividade e qualidade de vida. Isto tem impacto na retenção e atração de talentos, a médio/longo prazo. Se a motivação não for verdadeira pelas pessoas, ou mesmo motivada por uma posição de destaque nos diferentes rankings de melhores empresas para trabalhar, que seja financeira. Pois é fato que as empresas estão perdendo dinheiro ao passarem do ponto de exigência de seus colaboradores. Os custos são crescentes e ligados a afastamentos médicos, absenteísmo, presenteísmo (baixa produtividade de quem está ativo no trabalho), turnover, custos de treinamento, custos de atração de novos profissionais, passivos trabalhistas, majoração de custos variáveis como o SAT e os planos de saúde corporativos, entre outros.
Assunto espinhoso este do stress, quando analisado pela perspectiva do excesso, do abuso, dos limites ultrapassados. Muito se fala em qualidade de vida e bem estar, dentro de uma ótica de mimos ou objetos decorativos nos ambientes das empresas para desestressar os colaboradores. Mas é preciso ir muito além disso. Precisamos de iniciativas e estratégias sustentáveis dentro das empresas, de políticas reais e valorizadas pelas organizações, de respeito rotineiro, tangível e sustentável pelos profissionais, pelas pessoas.
Para que os Paulos, Márcias, Josés, Claudias, Bernardos e tantos outros, de tantas outras historias e testemunhais que sigo coletando sobre o tema, possam ter no trabalho a realização, a remuneração, o respeito e o resultado que merecem.
Em suas vidas profissionais e pessoais"

Fonte: Exame.com




sexta-feira, 17 de maio de 2013

Transtorno do Pânico










Cada vez mais comum nos dias de hoje, o Transtorno de Pânico vem paralisando e trazendo enorme prejuízo a vida de milhares de pessoas.
Fique atento aos sintomas que podem se confundir com os de outros transtornos.  O diferencial é que nada orgânico acontece com a pessoa acometida por esse transtorno que pode passar anos vagando por emergências hospitalares até que seja feito o diagnóstico acertado.

"O Transtorno ou Síndrome do Pânico caracteriza-se pela ocorrência de ataques de pânico inesperados e recorrentes.
Os ataques de pânico, ou crises, consistem em períodos de intensa ansiedade e são acompanhados de alguns sintomas específicos. Os mais comuns são taquicardia, sensação de falta de ar, dificuldade de respirar, formigamentos, vertigem, tontura, dor ou desconforto no peito, despersonalização, sensação de irrealidade, medo de perder o controle, medo de enlouquecer, sudorese, tremores, medo de desmaiar, sensação de iminência da morte, náusea ou desconforto abdominal, calafrios ou ondas de calor, boca seca e perda do foco visual."

O Transtorno do Pânico tem tratamento.