segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Projeto Melhor Idade - Um Novo Desafio

Melhor Idade - Um Novo Desafio






O envelhecimento é um fenômeno universal e relativamente novo no que tange à história da humanidade. Nos últimos 100 anos foi se tornando gradativamente mais freqüente, resultado de índices mais baixos de mortalidade infantil, de melhoras no atendimento e pesquisas na área da saúde e no estilo de vida durante a idade adulta. Porém isso não implica numa melhora na maneira do ser humano envelhecer.

A chegada à Terceira Idade traz consigo limitações sobre um corpo já muito vivido sem a mesma vitalidade, rapidez dos movimentos e do raciocínio, e coordenação motora de outras épocas da vida. Há mais tempo disponível, e algumas vezes os idosos não sabem o que fazer com ele... A ociosidade pode trazer a depressão, que por conta disso passa a ser o distúrbio emocional mais comum e visto pela sociedade como algo inerente a esse período da vida; por isso muitas vezes não tratado.

Esta conotação do envelhecimento em nossa sociedade vem reforçar o que esse declínio em alguns processos físicos e psicológicos (o que ocorre ao longo do período adulto da vida), traz a tona no dia-a-dia do indivíduo dito "idoso", o que obviamente provocam profundos efeitos em sua psique. Como lidar com essa nova posição dentro da sociedade que de repente salta aos olhos do indivíduo que não a encara como um processo? É como se da noite para o dia, ao completar 60 anos aquele adulto ficasse "velho". Muitos dirão que não envelheceram, pois o "pensamento continua jovem". Então como lidar com as mudanças de um corpo que certamente não continuará acompanhando suas atitudes jovens levando em conta o meio em que vivem, que na grande maioria das vezes não o considera por seus pensamentos e sim por sua idade cronológica e sua aparência física? Após os 60 anos aquele adulto, muitas vezes com condições e vontade de produzir, passa a ser magicamente um poço de sabedoria, porém com suas habilidades cristalizadas...

Por outro lado as pesquisas médicas na área do envelhecimento não param, assim como as pesquisas na área da cosmetologia e o desenvolvimento de novas técnicas de cirurgia plástica, o que pode de fato retardar alguns aspectos deste evento natural do processo de viver. Retardam, mas não param; e o envelhecimento vem... Será que isso realmente tem o poder de mudar as coisas? Será que a sociedade não buscará outros indicadores da idade? Algumas pessoas talvez queiram envelhecer "naturalmente" - será que por isso se transformarão em excluídos? Sem falar da grande maioria das pessoas que pode não ter acesso a toda esta tecnologia.

Para tentar dar conta de todas estas questões que vêm com o passar do tempo é que nos propomos ao trabalho de psicoterapia com o idoso. O fato de uma pessoa mais velha estar contente ou não com sua condição de vida, saudável ou não, vai depender em grande parte de como se comportou anteriormente durante este processo; porém isso não é uma condição estanque. Uma boa velhice é uma recompensa e não um direito automático e só chegamos a ela encarando com a mente clara e aberta a perspectiva do envelhecimento. A preparação para as grandes mudanças na vida decorrentes da aposentadoria e da perda de amigos e familiares é de suma importância para a saúde psicológica, assim como um contato familiar constante e a preservação e manutenção da autonomia, independência e dignidade do idoso.

Redescobrir o prazer de ter um corpo saudável e a aceitação de seus limites, redescobrir o prazer de interagir em sociedade, o prazer da satisfação dos desejos na medida do possível e aceitável, o prazer de compartilhar e de aprender, fazem parte desta proposta. Porque viver é manter-se num processo de eterno aprendizado.

Desta maneira e levando em consideração a complexidade da questão social que envolve o idoso carente e sua família, o trabalho será feito no sentido de redescobrir e ampliar o potencial de cada um através do processo de integração, apoiando os interesses, desejos e necessidades genuínas do indivíduo, sempre levando em consideração suas possibilidades reais.

Técnicas como dramatização, expressão plástica, corporal e estimulação sensorial trazem à luz ao paciente seus desejos de uma maneira até mesmo lúdica, fazendo com que entrem em contato com as emoções e tenham a possibilidade de solução dos conflitos. Esse trabalho pode ser feito individualmente ou em grupo.



"Aquele que se auto-realiza espera o possível. Aquele que quer realizar um conceito tenta o impossível". Frederick S. Perls (Gestalt terapeuta).



Utilizando como tônica a idéia implícita nesta citação, nos propomos a realizar um trabalho terapêutico para promover o entendimento de que "o que se espera de mim" - o conceito - deve estar dentro do "o que eu posso dar" - o possível. Partindo do genuíno encontro entre Eu -Tu, mergulhando profundamente no indivíduo e confirmando-o em sua alteridade iremos capacitar os pacientes a abandonar antigos papéis, experimentando sua autenticidade, permitindo sua confirmação em outras situações de vida.

Um desafio para a Melhor Idade.

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